Na terça-feira (11), a ABAD divulgou os números do Ranking ABAD/Nielsen 2021 – ano base 2020, estudo realizado em parceria com a consultoria Nielsen. Da coletiva de imprensa virtual participaram o presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, o consultor e pesquisador da FIA – Fundação Instituto de Administração Nelson Barrizelli e o gerente de Atendimento de Varejo da Nielsen Daniel Asp Souza. A jornalista e editora-chefe da Revista Distribuição, Claudia Rivoiro, mediou o encontro.
O estudo apontou que o setor atacadista e distribuidor brasileiro teve crescimento de 5,2% em 2020, em termos nominais, com faturamento de R$ 287,8 bilhões, a preço de varejo. Em termos reais (número deflacionado), o crescimento foi de 0,7%, o que garantiu ao setor a participação de 51,2% no mercado mercearil nacional, avaliado pela Nielsen em R$ 562,3 bilhões no ano passado. Com pequena redução em relação ao ano anterior, essa participação permanece robusta e abrange mais de 50% do mercado pelo 16º ano consecutivo.
O atacado de autosserviço foi o modelo de negócio que mais avançou entre 2019 e 2020, com crescimento de 24,9% e faturamento de 64,7 bilhões de reais. A modalidade distribuidor apresentou crescimento de 20,2%, com faturamento de 47,8 bilhões de reais, enquanto o atacado generalista com entrega evoluiu 18,2%, atingindo 46,2 bilhões de reais. O atacado de balcão cresceu 22,8%, para 5,2 bilhões de reais, e os agentes de serviços alcançaram 1 bilhão de reais, com crescimento de 18,5%.
O Ranking ABAD/Nielsen, publicado desde 1994, analisa anualmente os resultados e a atuação dos agentes de distribuição de todo o país, com informações relevantes para orientar planos estratégicos e investimentos do Canal Indireto.
Análises
Ao analisar os números, o presidente Leonardo Severini mencionou as expectativas de crescimento para o ano e também analisou o primeiro trimestre de 2021, que cresceu sobre uma base que ainda não havia sofrido ainda os reflexos da pandemia.
“Neste ano, esperamos um crescimento em torno de 5%. Nos três primeiros meses de 2021 nós já tivemos um crescimento nominal de quase 4%. E é preciso lembrar que a comparação é feita com o primeiro trimestre do ano passado, quando a economia transcorria em normalidade. Este ano, no primeiro trimestre, estávamos sob o impacto da pandemia e ainda não havia sido retomado o auxílio emergencial. Isso impactou sobremaneira o consumo das famílias, e mesmo assim o setor conseguiu manter o abastecimento e também, por consequência, o faturamento”, ponderou o presidente da ABAD.
O professor Nelson Barrizzelli destacou que o faturamento do setor foi positivo em um ambiente em que a economia nacional encolheu. “Isso deve-se ao fato de que o atacado mercearil trabalha especificamente com produto que são de larga procura e largo consumo. Além disso, o setor fornece para varejos como mercados, padarias, mercearias, estabelecimentos que de maneira geral não sofreram restrições de funcionamento. Os canais que o atacado distribuidor atende continuaram a operar praticamente em normalidade durante todo o período. Esses fatos certamente favoreceram o setor”, analisou o professor Nelson Barrizzelli.
“O crescimento só não foi maior em razão dos canais também atendidos pelo setor que permaneceram fechados – ou com movimento muito reduzido – ao longo de vários meses, como bares e restaurantes”, completou o analista, explicando o recuo de 1,8 ponto percentual na participação do setor no mercado mercaril (de 53% em 2019 para 51,2% em 2020).
A Nielsen aponta que os varejos tradicionais (com cobertura de 95% do setor) retraíram 0,4% e bares/restaurantes (85% atendido pelo atacado) apresentaram queda de 18,6% em 2020. Por outro lado, o segmento de farmacosméticos aponta alta de 4,5%, e o de autosserviço pequeno (mercados com até mil metros quadrados) teve crescimento de 10% no mesmo período.
Para explicar esse movimento, Daniel Asp destacou algumas mudanças no aspecto comportamental: “O consumidor tenta abastecer-se o máximo possível a cada saída para compras, procurando deslocar-se o mínimo possível, por conta da pandemia. A pesquisa mostra que a frequência de compra retrai em 25%, enquanto o ticket cresce em 31%”.
“Com isso, temos um crescimento grande nas compras mensais e na primeira semana do mês ao longo do mês (o que favorece grandes mercados e atacarejos), mas ao mesmo tempo há itens que precisam de reposição constante, como vegetais, frutas e outros perecíveis. Para essas reposições, a escolha recai sobre os varejos próximos da residência, impulsionando o crescimento dos pequenos mercados e independentes”, avalia Asp.
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